quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Paradoxo de Claúde Lévis-Strauss

Eis mais uma história pela qual sou apaixonada: Lévis-Strauss.

Claúde Lévis-Strauss (1908 - 2009), Francês Antropólogo e Fotógrafo, vindo de uma família de pintores (seus tios) e Violinista (seu pai), Lévis-Strauss não podia desconsiderar a arte de sua vida. Estudou e lecionou filosofia e sociologia, mas a sociologia foi o que lhe proporcionou fazer pesquisas de campo, usando métodos “fotoetnográficos”. Parte do seu tempo de sua estadia no Brasil, se dedicou a viagens exploratórias nos interiores das cidade a procura de índios, deixando a filosofia de lado.

“Todavia, pressinto causas mais pessoais na minha rápida aversão que me afastou da filosofia e me levou a agarrar-me à etnografia como a uma tabua de salvação”. (Lévis-Strauss)

Essas suas viagens nos rendeu algumas obras, uma delas é “Tristes Trópicos” (1955, no Brasil em 1996), “tristes” porque era assim que os estrangeiros nos viam (embora Lévis-Strauss considerasse os índios bastante alegres). Nesta obra, Lévis-Strauss (por volta de 1935) não se limita falando sobre sua vivência com os índios somente (Cadiueus, Bororos, Nambiquaras e Tupi-Cavaíbas), fez também uma descrição do Brasil da época, da sua história e de tudo quanto observou nas suas viagens ao Paraná, Pantanal, Amazônia e o Sertão (entre outras). Contém 68 fotografias tiradas pelo autor.



Imagem do Livro "Tristes Trópicos" (documentado de 1935 a 1939, publicado em 1996 no Brasil)


Parte de seu documento Etnográfico.

Muito tempo depois, Lévis-Strauss concebe a Antropologia Estruturalista, com a qual se torna um dos mais respeitados e conhecidos antropólogos. E foi adquirindo sua forma própria de seguir a antropologia, enquanto Durkheim confiava e preferia mais as informações dos historiadores, Lévis-Strauss se baseava nas observações etnográficas (e nas fotografias) para construir conceitos.



E aí vem o paradoxo: E é a partir de seus conceitos estruturalistas que Lévis-Strauss considerava a fotografia uma arte menor que as outras (não se encaixava em algumas “regras” pelas quais considerava conceitos de arte). Ok, Ok...O cara era "o cara", mas levando em conta que em sua época a fotografia tinha um objetivo "documentar uma realidade", servindo apenas como um documento, será que se nosso querido Lévis-Strauss fosse um jovem (e amante das artes) dos tempo de hoje, teria a mesma opinião?

Um comentário:

  1. Sim. Admito que Lévi-Strauss (não Lévis) nos tempos de hoje tivesse outra opinião sobre fotografia. Mas não esqueça que temos que relativizar o seu pensamento a outros tempos, a outras tecnologias...
    Assim, Lévi-Strauss pôde deixar-nos o seu OLHAR, sobre mundos que nunca veremos mas que nos ajudam a entender o nosso.
    Se o seu enfoque tivesse sido a fotografia, o pensamento não poderia ser tão esclarecido, aliás, brilhante.

    Parabéns pela seu gosto e elogio a Lévi-Strauss.

    luis

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